sábado, 26 de setembro de 2009

O SENADO DOS OVOS DE OURO

Em dois anos e meio o Senado Federal pagou 150 (cento e cinqüenta) cursos no exterior para servidores ou comissionados! Isso equivale a mandar 05 (cinco) servidores por mês para o exterior para fazerem os mais diversos tipos de treinamento... Até aí, tudo bem! A priori, não sou contrário a que a Administração Pública custeie programas de aprimoramento para os servidores, o que se impõe até por uma questão de coerência, vez que eu mesmo já recebi treinamento nas áreas específicas nas quais atuo.
A questão, entretanto, assume outra dimensão, quando vemos que, em se tratando de Congresso Nacional, tudo tem uma proporção desarrazoada, como se pode ver pelo fato de que um desses cursos foi na "Association of Capoeira Argola de Ouro" em Cingapura! Outro exemplo que bem ilustra tal desproporção é o fato de a Senadora Ideli Salvati (PT-CS) ter sido autorizado a viajar com um assessor a viajar para México, Espanha e Argentina, para participar do curso "The Art of Business Coaching" a um custo aproximado de R$ 70.000,00 (setenta mil reais)!
Ora, nesse ponto, já começamos a questionar se está sendo feita alguma avaliação de custo-benefício dos gastos do Congresso Nacional... Qual o custo adequado para financiar um curso de capoeira em Cingapura? Qual o benefício correspondente a um curso de dezenas de milhares de reais destinado a empresários e direcionado a uma Senadora (integrante, portanto, do Poder Legislativo e não do Poder Executivo)?
Parece que eles não fazem as contas... Entretanto, vou lhes deixar alguns números para vocês se divertirem, tirados diretamente do recomendadíssimo Transparência Brasil: o Congresso Nacional tem orçamento anual (2007) de R$ 6.068.072.181,00 (seis bilhões, sessenta e oito mil milhões, setenta e dois mil, cento e oitenta e um reais), o que equivale a dizer que, a cada minuto, o Estado brasileiro gasta R$ 11.545,04 (onze mil, quinhentos e quarenta e cinco reais e quatro centavos) com o Congresso Nacional.
Por ano, cada Deputado Federal custa R$ 6.600.000,00 (seis milhões e seiscentos mil reais) e da Senador custa R$ 33.100.000,00 (trinta e três milhões e cem mil reais)! Por mais que as prerrogativas inerentes à função legislativa justifiquem um tratamento especial aos nossos parlamentares, acredito que dificilmente alguém discordará do fato de que alguma severa distorção está acontecendo.
Hoje em dia, ter qualquer relação que seja com o Congresso Nacional é o mesmo que ter uma galinha dos ovos de ouro! Você não precisa se preocupar com dinheiro, pois ele sempre acaba aparecendo de novo para você... Infelizmente, neste caso, o dinheiro não vem de uma mitológica fisiologia animal, mas sim do bolso dos contribuintes!
Esse ralo tem relação direta com a forma como é organizado o nosso Congresso Nacional, mas isso é assunto para outra postagem...

6 comentários:

JG disse...

Porra, o cara vai fazer especialização em Capoeira em Cingapura? Acho que é a mesma coisa de um americano fazer um curso de fabricação de hamburguers na Etiópia.

Se fosse pelo menos de Muay Thai...

O problema é que ainda há muita cara de pau. Se fossem corajosos mesmo, essa despesa de Cingapura seria classificada (mais corretamente) como "bebidas e putas orientais".

Carlos Marden disse...

Porra, nem tinha me tocado do local, só do objeto maluco... Hehehe... Se duvidar era algum assessor de um Senador baiano!

Giuliano disse...

O absurdo é notório e, o pior, querem tratar como costume. Quem não lembra da indignação de deputados quando se cogitou normalizar as passagens aéreas?

Carlos Marden disse...

Hehehe... Foi foda... O Eugênio Rabelo: "O que? Quer dizer que eu não podia usar a minha cota para custear as viagens do Ceará? Meu deus... Como eu poderia imaginar"! É o fim...

Saulo Queiroz disse...

É, o correto trato da coisa pública não faz, definitivamente, parte da cartilha dos nossos congressistas.

Carlos Marden disse...

Cara, não existe nenhuma possibilidade de moralização dentro do sistema legislativo vigente! Nem se todos os integrantes do Poder Legislativo renunciassem e fizéssemos novas eleições...

O problema está enraizado, é uma espécie de vício de origem! Mas isso é assunto para uma postagem própria que estou amadurecendo...